sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sem poréns

"Mas ela mora em BH."

Mas ele nunca deu trela para a distância. Mas para ele não há freios. Mas seu coração salta a boca. Mas ele tem coragem. Mas ele tem os pés fincados na lama, lindamente sujos por entre os dedos. Assim, para ele há o mundo inteiro e há ela inteira.

E ela está deliciosamente imunda de lama, dos pés a cabeça.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Escrito nas estrelas

Nunca te contei que meu mapa astral me disse que pela única vez na minha vida os astros iam se poscionar de tal forma. Vou ser enfática, única vez na vida. Me disseram que os astros estavam em uma posição propícia para que eu mudasse minha visão do amor. Saí de lá até meio triste, descrente de que meu coração estaria aberto assim. Me parecia impossível e por segundos acreditei que estava fadada a não amar. Por acaso ou destino (não importa), mas por muita sorte e com muita coragem encontrei você. Tudo bem, você não acredita em mapa astral, mas por favor, acredita no meu amor?!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Cozinheiro e Telephonista

Ele diz que é plenitude. Ela, sem medo de ser clichê, diz que é felicidade. Mesmo com denominações distintas, ambos têm certeza de que pode ser tudo, mas que nunca será nada. Eles vivem a vida com sabor de G. Rosa. Aquela clássica receita roseana de que a vida esquenta, esfria, aperta e afrouxa, mas o que quer mesmo da gente é coragem. Ele, sem medo, usa a palavra intensidade. Ela floreia um pouco e diz que são cores de Frida Kahlo. Ele é de sabores, memórias, cheiros, palavras e olhares. Ela é de mel e limão, gargalhadas e bobagens. Eles são Cozinheiro e Telephonista. . Eles são encantados por um túnel que se chama Guimarães Rosa. Eles são, como se pode dizer, uma delícia.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um descuido e uma sonora gargalhada

Habitualmente a felicidade é atribuída a um acontecimento. Uma conquista pessoal, um sucesso profissional, um elogio inesperado. O sorriso parece uma troca. Você me dá 10 na prova e eu distribuo sorrisos por aí. Você fala que estou bonita e aí sim posso seguir em frente e segura de mim.
 
Mas a felicidade de verdade, possui outra forma. G. Rosa, sábio, disse: "Felicidade se acha é nas horinhas de descuido".Felicidade está no simples, no mais singelo, no trivial. Felicidade mesmo é acordar alegre. Acordar um disposição pro mundo e para tudo que ele tem a oferecer (seja de bom ou de ruim).É sorrir com um único motivo: a vida.
 
Por que a felicidade é só questão de ser.



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Quartas para que te quiero!

As segundas-feiras têm cara de preguiça. Quando otimistas elas se fantasiam de esperança.

As terças são cinzentas, sem cor ou calor.

Mas as quartas... Ahhh! As quartas são o suspiro da semana: dão tchau para as segundas e terças mornas e anunciam a chegada das calientes sextas-feiras (que são calientes, mesmo quando imperadas pela arte de ficar à toa).

Registro aqui meu amor pelas quartas com uma música delicinha para embalar aqueles devaneios dançantes e escondidos que todo mundo tem!


domingo, 25 de setembro de 2011

Eu-lírico faminto

Aos seis anos de idade, trava-se uma batalha com a balança.Uma batalha tão séria que um dia na terapia ela se denominou "garota regime". Percebeu o peso dessa realidade anos após o início da luta. É biotipo super brasileiro: pernão, bundão e cintura fina. A pequenez não lhe cabe. Nunca lhe coube e nunca lhe caberá. 

Nunca também, foi uma comedora compulsiva. Nunca. Nunca se permitiu ser. Mas por ansiedade, escolhas mal feitas, genética divina e inúmeros fatores a balança sempre foi sua maior inimiga. Numa conturbada relação com a comida muita vezes evitou dizer não.

Nesse sentido,a comida é metáfora de muita coisa. Metáfora de seu eu lírico. Metáfora de culpa, dor e sofrimento durante longos anos. De repente a comida passa a não ter valor. Passa a ser deixada de lado e sobram migalhas, pedaços e desabores no prato. Nem tudo mais parece ser mais tão gostoso ou apetitoso. Surge uma nova metáfora. Aquela em que a vida e a comida passam receber sonoros nãos e são degustadas de outra forma. A vida e a comida passam a ser bem vindas quando sua porção realmente vale a pena.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Suspiro no escuro

O desejo mais natural de um mundo embolado é a fuga. Fugir para um local bem distante onde o problema esteja longe da nossa visão e que pareça seguro.

Ocorre que ao entrar no trem não temos opção: a bagagem vem junto. Vem mesmo. Vem pesada, carregada, abarrotada. Até tentei deixá-la para trás, mas o carregador me disse que tinha, que era obrigada a levá-la. Bem que tentei deixá-la perdida por aí... 

O mundo embolado está comigo. Não está com o mundo. Mude eu de lugar, mude eu de nome, a carga será a mesma. Mesmo assim, insisto que pode ser que os novos ares sejam inspiradores. Ares refrescantes que renovam a mente e trazem novo fôlego, mesmo que a bagagem seja antiga.

Hoje vou buscar novos suspiros embalada por boa música (sempre).