domingo, 25 de setembro de 2011

Eu-lírico faminto

Aos seis anos de idade, trava-se uma batalha com a balança.Uma batalha tão séria que um dia na terapia ela se denominou "garota regime". Percebeu o peso dessa realidade anos após o início da luta. É biotipo super brasileiro: pernão, bundão e cintura fina. A pequenez não lhe cabe. Nunca lhe coube e nunca lhe caberá. 

Nunca também, foi uma comedora compulsiva. Nunca. Nunca se permitiu ser. Mas por ansiedade, escolhas mal feitas, genética divina e inúmeros fatores a balança sempre foi sua maior inimiga. Numa conturbada relação com a comida muita vezes evitou dizer não.

Nesse sentido,a comida é metáfora de muita coisa. Metáfora de seu eu lírico. Metáfora de culpa, dor e sofrimento durante longos anos. De repente a comida passa a não ter valor. Passa a ser deixada de lado e sobram migalhas, pedaços e desabores no prato. Nem tudo mais parece ser mais tão gostoso ou apetitoso. Surge uma nova metáfora. Aquela em que a vida e a comida passam receber sonoros nãos e são degustadas de outra forma. A vida e a comida passam a ser bem vindas quando sua porção realmente vale a pena.


Um comentário:

  1. Eu conheci uma menina assim. Só que os reais problemas delas eram miopia e surdez crônicas. Miopia por não ver o quanto ela é linda, por dentro e por fora. Conquista o mundo se quiser. E surdez por não ouvir os amigos dizendo isso um milhão de vezes...
    "I see your true colors and that's why I love you. So, don't be afraid to let them show your true colors. True colors are beautiful like a rainbow".

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